terça-feira, 22 de novembro de 2011

Atuação Escolar e o Protagonismo Juvenil podem colaborar para o fortalecimento do SGDCA

Confira como a atuação escolar e o protagonismo juvenil, segundo especialistas,  podem colaborar para o  fortalecimento do SGDCA 

O trabalho em rede consiste na atuação conjunta de diversos atores sociais de diferentes áreas em prol de uma causa. Por exemplo, a atuação de governo, sociedade e ONGs das áreas de assistência social, saúde, educação ou lazer em garantia dos direitos de uma criança ou adolescente. Mas, se essa teoria é conhecida por todos os envolvidos no sistema,  por que o trabalho em rede ainda tem empecilhos? Por que o atendimento conjunto ainda apresenta tantos ruídos?
Mario Martini, diretor educacional da Liga Solidária, e Jonathan Hannay, secretário-geral da Associação de Apoio à Criança em Risco (Acer), partilham a mesma opinião. “Precisamos fortalecer todos os pontos da rede, melhorando os serviços, para que exista um apoio mútuo nas soluções dos problemas. Por isso, antes de tudo, cada organização ou secretaria deve saber tudo sobre o seu trabalho, seus limites e potencialidades, para conseguir trabalhar com outras entidades”, afirma Mario. “Essa definição previne um stress causado pela falta de clareza no papel institucional de cada um. Com os limites definidos, é muito mais fácil trabalhar com total atenção à criança ou adolescente. Além disso, todos os envolvidos devem estar abertos a investir energia e trabalhar com os outros, independentemente de suas diferenças, para fortalecer o SGDCA”, acrescenta Jonathan.
Sociedade 
Outra questão que dificulta o bom funcionamento do trabalho em rede é a falta de mobilização da população para fazer algo em melhoria da situação infantojuvenil. Todos os brasileiros têm igual responsabilidade em cuidar de nossas crianças e adolescentes e devem atuar em parceria com o poder público e organizações sem fins lucrativos. Segundo Mario, “é necessário parar de culpabilizar o outro, seja ele governo, conselho tutelar, ONG ou secretaria, por algum direito violado. Essa discussão tira o foco do trabalho no sistema, que é garantir os direitos. Deve-se tentar extinguir julgamentos e condenações”. “Afinal, o principal objetivo é trabalhar para melhorar a situação da criança ou do jovem para que, no futuro, ele possa caminhar sozinho”, ressalta Jonathan.
Educação
A escola, assim como a população, deve trabalhar com foco na criança e não somente no modelo educacional utilizado. “Hoje, as crianças chegam à escola com problemas estruturais e de aprendizagem. Os profissionais devem saber lidar com os problemas do dia a dia e se realinhar às necessidades sociais de cada uma delas”, conta Mario. 
Segundo ele, é preciso colocar uma lupa nas crianças e jovens para entender como a escola deve se organizar para atender o público, além de criar um vínculo comunitário. “Algumas escolas já estão dando atenção a cada aluno, além de passar o conhecimento teórico. E os resultados são excelentes. No entanto, para que esse trabalho seja possível, é necessária a redução do número de alunos por sala, além de um processo de democratização das escolas, uma reflexão mais profunda e com políticas educacionais duradouras, para além das mudanças no governo”.
Protagonismo

O protagonismo infantojuvenil, tão falado na teoria, muitas vezes é deixado de lado na atuação em rede. “Precisa-se reconhecer a criança e o adolescente como atores plenos do sistema, já que o que está em jogo é a garantia de seus direitos. As escolas devem interagir com seus alunos, discutir sobre melhorias na educação. E isso não acontece. Não vemos o empenho da direção escolar em promover grêmios estudantis. Essa mobilização não acontece”, assegura Jonathan. 
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O jovem deve participar principalmente do planejamento estratégico de atividades. Com autonomia, crianças e adolescentes têm a possibilidade de pensar em melhorias para a escola e a comunidade. “E essas opiniões são muito enriquecedoras para o sistema”, acrescenta. Para tanto, segundo ele, os adultos devem estar abertos a receber opiniões. O jovem já tem amadurecimento para questionar aspectos complexos. “Para incentivar o protagonismo, deve-se abrir mão do poder e escutar o que eles têm a dizer. Precisa-se aprender a ouvir e discutir melhorias sem ideias pré-estabelecidas, para que crianças e jovens percebam a importância de suas contribuições na rede”, finaliza.


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